terça-feira, 1 de outubro de 2013

As Flores da Umbanda



Todo evento da criação da Umbanda, pelo médium Zélio de Morais em 1908, começou com ele levantando, no meio de uma sessão espírita, falando: "Aqui está faltando uma flor". Saiu da sala indo ao jardim e voltando após com uma flor, que colocou no centro da mesa. 

Essa atitude causou um enorme tumulto entre os presentes. Restabelecidos os trabalhos, manifestaram-se nos médiuns kardecistas espíritos que se diziam pretos escravos e índios.
Desde o início da humanidade, as flores foram associadas com o Sol, por se voltarem para ele,e , assim como ele dissiparem a escuridão, simbolizando a energia vital, o final do inverno e a vitória sobre a morte. O Lírio de Oxum por exemplo, segundo a mitologia antiga, teria nascido do leite de Hera, que gotejava na Terra no mesmo tempo em que era criada a Via Láctea. Outra lenda diz que o perfume dos lírios espanta serpentes e por parecer com um cetro aparecem em muitos brasões de famílias da Europa antiga.

De todas as flores talvez a que mais tenha poder em nosso espírito seja a rosa. Na antiguidade, esta flor remonta o mito de Adônis , o amado de Afrodite, de cujo sangue teriam brotado as primeiras rosas, assim se tornaram símbolo do renascimento e do amor que sobrevive a morte.No século 1a.C. os romanos faziam uma Festa das Rosas em homenagem a seus mortos, e até hoje na Itália o domingo de Pentecostes é considerada a "Páscoa das Rosas".Em contraposição no culto a Dionísio, deus do Vinho, era comum as pessoas se coroarem de rosas,pois acreditavam que abrandava o calor da bebida e impedia que alcoolizados contassem seus segredos, por este motivo ela se tornou também símbolo da reserva e da discrição. Assim esta flor começou a ser desenhada em cima dos confessionários – "sub-rosa", ou seja, sob o signo do silêncio e da discrição. Na iconografia eclesiástica tornaram-na a "Rainha das Flores" simbolo da rainha celeste, Maria.

Enquanto as rosas vermelhas representam desde os primórdios o amor terreno, as brancas são relatadas em sagas e lendas como a flor que simboliza a morte. Os alquimistas viam nas rosas brancas e vermelhas o sistema dualístico com elementos dos dois princípios originários: o enxofre e o mercúrio. A rosa vermelha também é considerada nas tradições antigas, um símbolo de honra nas guerras para os oficiais do exército-em especial os romanos- pois Marte (deus da guerra) teria nascido de uma rosa. 

Uma gira de Umbanda tem o formato de uma flor, onde o veio principal de energia – o caule- vem do congá. São muitas as flores de Umbanda, as que representam a sabedoria, a discrição como os pretos e as pretas velhas, a vitalidade e a batalha diária pela vida como os caboclos, a alegria das cores da existência como as flores das crianças, ciganas e boiadeiras, e dos necessários resgates como os das pomba-giras. Na minha opinião ainda de aprendiz, talvez a mais importante flor que exista na Umbanda seja a que floresça no coração do médium, que deva ser sempre cuidada com verdade, amor, caridade e consciência de que nosso invólucro é provisório, porque é dela que virá o perfume que envolverá outros em seu caminhar. Saravá! 


0 comentários:

Postar um comentário