sábado, 29 de novembro de 2014

A Quimbanda

Muita gente prefere acreditar que Exu é o diabo, muito mais, do que crer na simplicidade de uma entidade boa e comum. Talvez seja a estranha força da imagem em gesso do Exu. Um grande problema para a desmistificação da Umbanda é a colocação correta da Quimbanda e de seus espíritos, os Exus e as Pombas Gira. Essa estúpida assertiva, muitas vezes até cometida por umbandistas, tem custado muito para nossa religião. Em todos os momentos que falamos da Umbanda não dispensamos a ladainha que a Umbanda é nova, não tem nenhuma codificação e nenhuma regra existente para diferenciar o certo do errado. Errado na Umbanda só o que fere a moral, o bom senso, a ética ou a cultura.
Exu não é um agente do mal. Ele é a entidade polêmica, misteriosa e distorcida da Umbanda. Sua imagem, na crença popular, é uma figura demoníaca, moldada em gesso de cor vermelha, algumas ainda possuindo chifres e pés de animal. Absurdamente, é assim que ele é cultuado, inclusive, muito embora saibamos que estamos fazendo parte desta massa ignorante. Mas a força da nossa intenção transforma essas imagens em elementos de ligação com esse mundo maravilhoso – dos Exus. Talvez seja a estranha força da imagem em gesso do Exu. Será que por trás dessas figuras mal feitas e de péssimo gosto artístico não existe um engodo espiritual para esconder suas verdadeiras identidades? Vamos analisar e tentar descobrir pelo raciocínio inteligente quem eles são.
A Umbanda é brasileira, baseada em fatos e personagens na época do descobrimento, tendo nos Caboclos, nossos ameríndios, a figura mandante, seguido do Preto-Velho, simbolismo da raça africana escravizada pelos europeus e as Crianças que são os espíritos de qualquer nacionalidade que tenham desencarnado na idade da inocência. Fecha-se o Triângulo da Umbanda: Caboclos, Pretos e Crianças. Sabendo serem essas as entidades que compõem a Umbanda, não resta para a Quimbanda, outro tipo de espírito senão os originários da Europa, no caso os nobres, príncipes, lordes, almirantes, eclesiásticos, figuras letradas e culturalmente avançados.
Isso aconteceu através da evolução dessas almas pela reencarnação. Se os europeus invadiram nosso país, mataram nossos índios, escravizaram os africanos e cometeram toda espécie de mal, dentro de seus resgates cármicos podem, espontaneamente, terem aceitado a situação de serviçais àqueles que, em vidas anteriores, foram seus carrascos. A lógica desse argumento baseia-se no fato que seria estranho e de difícil aceitação um príncipe apresentar-se em um terreiro de Umbanda, carregando um tridente, afirmar estar morando no cemitério, aceitar farofa, azeite de dendê, charuto e cachaça como oferenda, e ainda receber ordens de um índio ou de um escravo. O melhor é se esconder atrás de um comportamento atípico às suas nobres origens.


Os Exus têm histórias muito bonitas, interessantes e que vale a pena conhecê-las.

Exu Morcego

Em um castelo, inteiramente de pedra, mal cuidado e isolado no meio de uma floresta, típico daqueles pertencentes ao feudo europeu, vivia um homem branco e corpulento, trajando uma surrada roupa, provavelmente antes pertencente a um guarda-roupa fino. Percebia-se o desgaste causado pelo passar do tempo, pois ainda carregava uma grossa e rica corrente de ouro de bom quilate, com um enorme crucifixo do mesmo cobiçado material. Parecia viver na solidão, muito embora no castelo vivessem vários serviçais. Na torre do castelo, as janelas foram fechadas com pedra, e só pequenas frestas foram feitas no alto das paredes.
A luz não podia entrar. A torre não tinha paredes internas, formando uma enorme sala, com pesada mesa de madeira tosca, tendo como iluminação dois castiçais de uma só vela cada. Ao lado da tênue luz das velas, livros se espalhavam sobre a mesa, mostrando ser aquele homem um estudioso e que algo buscava na literatura. De braços abertos, com um capuz preto cobrindo sua cabeça, emitia estranhos e finos sons, tentando descobrir o segredo da levitação. Pelas frestas da torre, entravam e saiam voando vários morcegos com os quais ele procurava inspiração e força para atingir sua conquista. Por quê? Não sabemos. A idéia e as razões eram só da estranha figura. Parecia um homem de fino trato, transfigurado na fixação de atingir um poder que não lhe pertencia. Seu nome? Também não sabemos. Só o conhecemos incorporado nos terreiros como o querido, mas temido, Exu Morcego.

Exu Pantera

O Exu Pantera é uma surpresa. Seu nome dá a entender ser um espírito violento, bravo, mas ao contrário, apresenta-se com muita elegância, com charme e um bom palavreado. Ele contou sua história: afirmou ser europeu, e grande admirador da pantera, para ele, um animal esperto, ágil, e o mais elegante de todos. Veio ao Brasil para resgatar seu carma, agrupando-se à Umbanda, especificamente à quimbanda e como tem uma relação direta com o Caboclo da Pantera, não teve nenhuma dúvida em usar o nome do lindo felino.

Exu João Caveira

O Exu João Caveira contou uma vida passada. Disse que na Idade Média, foi um fiel conselheiro de um senhor feudal. Criada uma situação no feudo de difícil solução, foi solicitada sua opinião para decidir a questão. Se decidisse de uma forma, agradaria todos os senhores, e de outra, faria justiça a todos os moradores desafortunados do lugar. Para ganhar a simpatia do lado forte, decidiu pela primeira hipótese, mesmo contrariando a sua vontade, que em nenhum momento expressou. Por causa disso, ganhou um carma enorme, que está resgatando nos terreiros da Umbanda.

Exu do Fogo

O Exu do Fogo contou uma história interessante. Disse que através do fogo executa seus trabalhos de caridade, por ter ele, no tempo da Inquisição, condenado várias pessoas para serem queimadas em fogueiras com a pecha de bruxos. Hoje ele se considera um bruxo e através do elemento fogo, tenta resgatar os males que carrega em seu carma. E vale a pena ver a habilidade deste Exu manipulando o fogo.

Exu 7 da Lira

O Exu 7 da Lira, segundo a unanimidade dos terreiros afirma, foi o grande cantor brasileiro. De certa forma, foi sinalizada alguma coisa em nosso terreiro, pelo ponto que ele mesmo ditou:
Sou Exu, trabalho no canto

Quando canto desmancho quebranto
Sete cordas tem minha viola
Vou na gira de elenco e cartola
Viola é o tridente
Cigarro é o charuto
Bebida é o marafo
Sou Sete da Lira
Derrubo inimigo
Ponteiro de aço

“Falar de exu não é uma fácil tarefa, porém, inquirir, pesquisar, procurar sua origem e sua finalidade é o direito de quem quer aprender. Há uma nuvem cobrindo a distância do seu princípio até nossos dias. Nesta caminhada lenta da humanidade ganhastes muitas formas e fostes batizados com inúmeros nomes: no Jardim do Éden, eras uma serpente que introduziu o primeiro pecado no seio da humanidade; eras o agente mas não o mal, pois o livre arbítrio nos dá o direito de optar. De Adão e Eva proliferou a humanidade e, com ela, os seus deuses, seu medo e sua curiosidade."

Para Moysés, foi a bengala que apoiava o corpo nas fatídicas andanças mas, se necessário, você seria também a assustadora serpente. Para os fenícios, foi Molock, espírito tenebroso, cujo interior era uma fornalha ardente onde os seus seguidores depositavam suas oferendas; para a Pérsia de Zoroastro, atendias pelo nome de Arimânio, espírito angustiado e vingador!...para o egípcio, era Duet, uma guardião que castigava, que punia para, depois de punido, ser entregue para o Deus da Luz e Serenidade; era a ligação entre o homem e a mente, a morada de Osíris que é o Deus do amor e da criação. No Egito, também era Tifon ou Aprites; a China milenar deu o nome de Digin; Ravana para o hindu; os escandinavos chamavam Azalock. Em cada povo uma personalidade e uma vibração diferente. Para o nosso índio brasileiro, atendia por vários nomes e várias atuações: Cairé é um fantasma que aparece na lua cheia para punir os maus; Catiti é outro, só visível na lua nova e atrapalha a pesca. Jurupari é o mau espírito que traz pesadelo; Curuganga oficia como assombração.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Leia o Informativo Especial de Novembro/2014 - "Exú"!

Já encontra-se disponível para Download e consulta, o Informativo Especial de Novembro/2014, "Exú", com 03 páginas. Leia/Baixe já!



sábado, 15 de novembro de 2014

Umbanda 106 Anos!

Salve Umbanda!

Neste dia 15 de Novembro, comemoramos com muita alegria, o aniversário da nossa querida Umbanda. Há exatamente 106 anos, isto em 1908, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, incorporado no saudoso Zélio Fernandino de Moraes, que naquela oportunidade tinha apenas 17 anos de idade, fundou no dia seguinte, a primeira Casa organizada como UMBANDA chamada de "Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade", em Neves, São Gonçalo na Cidade do Rio de Janeiro.

A Umbanda é esta religião linda que irmana e iguala os homens, sem fazer distinções quanto à sua cor, condição financeira, cultura, ou sexoO que interessa a Umbanda e aos seus espíritos trabalhadores é o que cada um traz no seu coração, a vontade de ajudar o seu próximo, de progredir em amor e bondade, de aprender as lições de Simplicidade com os Caboclos, de Humildade com os Preto-Velhos, de Inocência com as Crianças, de Disciplina com os Exús, de Coragem com os Boiadeiros, de Liberdade com os Ciganos, de União com os Marujos; enfim, de amor ao próximo com Jesus.

O que é necessário para ser um bom médium de Umbanda?
O estudo?
O conhecimento dos rituais?
O equilíbrio emocional?
A melhoria íntima?
O desenvolvimento mediúnico?

Tudo isso um pouco, mas, sobretudo o amor ao próximo, a vontade de ajudar ao seu semelhante na necessidade, abrindo mão com isso de alguns confortos e prazeres da vida, sendo abnegado. Deixando de participar de reuniões sociais, abrindo mão do descanso de algumas horas de sono, da alegria de estar junto da família, de seu lazer. E fazer isso sem arrependimento, porque seu Dever de Médium é também o seu Prazer em ser útil ao seu semelhante.

O Umbandista muitas vezes é chamado de ignorante, mentiroso, maligno. É encarado como praticante de magia negra, e coisas piores. Mas não se deixa abater, sabe que isto tudo é fruto da ignorância alheia, que não conhece a Umbanda nem o trabalho de luz realizado pelos guias. Aproveita-se destes momentos em que é ofendido e agredido para exercitar sua paciência e por em prática os ensinamentos de fraternidade que aprendeu junto aos guias. Para ser Umbandista é importante que não se espere retribuição na terra, pois somos pagos muitas vezes com a ingratidão, com a indiferença.

Algumas pessoas após resolverem seus problemas materiais através da Umbanda, viram-lhe às costas e juram que nunca pisaram num Terreiro. Estas pessoas não receberam quase nada da ajuda que a Umbanda podia lhes prestar. A solução dos problemas materiais não é o objetivo da Umbanda, seu objetivo é a reforma íntima dos seres, é passar os ensinamentos dos espíritos de luz aos homens. Como o sofrimento é um instrumento para que o encarnado aprenda suas lições, o sofrimento se torna desnecessário após o aprendizado.

A Umbanda ensina que todos pertencemos a mesma família, a família Humana. Que todos somos iguais entre nós, embora tenhamos aprendizados diferentes a realizar na vida. Que podemos e devemos auxiliar nosso irmão na jornada terrena. Que podemos construir um mundo melhor para nós através da caridade e do Amor. Que estamos intimamente ligados às forças da natureza, e que a natureza deve ser respeitada e tratada com amor.

Que acima de todos nós Deus nos guarda e tem esperança de que um dia a humanidade saia da infância espiritual, pare de olhar apenas para o próprio umbigo, e finalmente olhe nos seus olhos, o reconheça e diga: “Pai, fazei de mim um instrumento da sua Paz!”.

Parabéns Umbanda!


Convite Festa Em Homenagem A Exú


terça-feira, 11 de novembro de 2014

O Uso do Azeite de Dendê

AZEITE DE DENDÊ

Produzido a partir do fruto da palmeira conhecida como dendezeiro, é originário da Costa Ocidental da África, mais precisamente do Golfo da Guiné, sendo encontrado desde Senegal até Angola. O dendezeiro é conhecido também como palmeira de óleo africana, aavora, palma de guiné, palmeira dendém, coqueiro de dendê e demdem (em Angola). Chega a 15 m de altura, seus frutos são de cor alaranjada e a semente ocupa totalmente o fruto. As primeiras sementes de dendezeiro foram trazidas para o Brasil há mais de 3 séculos pelos escravos africanos e se adaptaram bem ao clima tropical. Câmara Cascudo afirma que “como era costume na África, rara seria a iguaria negra sem a participação do azeite de dendê”, assim, juntamente com outras iguarias importantes como as bananas, os quiabos, os inhames, o coco e as especiarias como a erva doce, o gergelim e algumas pimentas, veio o dendê, tornando-se indispensável na culinária afro-brasileira.
O óleo de dendê é fonte natural de vitamina E e é riquíssimo em vitamina A. Tem 21 vezes mais vitamina A que a laranja, 400 vezes mais que o tomate e 14 vezes mais que a cenoura, por isso é tão vermelho. Quando o azeite é aquecido a vitamina A é destruída e o óleo fica branco. O rendimento do dendê é muito grande, produz 10 vezes mais óleo que a soja, 4 vezes mais que o amendoim e 2 vezes mais que o coco. Faz muito bem à saúde, afirmam os especialistas. Da amêndoa de seu fruto se extrai um óleo usado em cosmética, na fabricação de chocolate substituindo a manteiga de cacau e ainda é utilizado na indústria de maioneses e margarinas.Na Umbanda representa a SABEDORIA ANCESTRAL trazida pelos negros da África. Representa FORÇA, ENERGIA, VIDA, SABOR e FEITIÇO. O azeite de dendê, tem a característica de “erva quente”, ou seja, tem energia agressiva , ativa e quando aquecido torna-se mais agitado, portanto precisa ser usado com critério.
Utilizamos o óleo de dendê nas oferendas, principalmente para a Esquerda, com a função de desagregar qualquer tipo de carga ou energia negativa. Com os coquinhos de dendê pode-se fazer guias que, após serem imantadas e consagradas pelos baianos, boiadeiros e até pelos caboclos, se tornarão fantásticos instrumentos de trabalho e de proteção, pois são símbolos da Sabedoria trazida dos negros africanos.

Leia o Informativo Mensal do CESJBIG - Número 019 - Novembro/2014!

Já encontra-se disponível para consulta e download, o Informativo Mensal de Novembro/2014, com 04 páginas. Leia/Baixe já!


quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Os Consulentes e a Assistência


Muitas pessoas chegam aos Centros Umbandistas, assim como acontece nos diversos templos religiosos, em busca de orientação espiritual, em busca de preencher seus corações, em busca da compreensão sobre Deus e sobre a vida.... Mas a maioria absoluta chega buscando auxílio.  Nada mais natural do que procurarmos ajuda quando mais necessitamos. É para isso que a Umbanda existe, pregando a caridade pura e irrestrita!

Os Templos Umbandistas funcionam como verdadeiros hospitais para almas machucadas. Eles são habilitados a cuidar, tratar e, principalmente, ensinar a prevenir. Da mesma forma que os médicos cuidam do corpo, as entidades de luz tratam das feridas de nossas almas e procuram nos aplicar remédios que vão preencher o vazio que há dentro de cada um de nós...

Como costumamos ouvir por aí, existe um remédio para cada tipo de necessidade... E por mais que os remédios, por vezes, não tenham um gosto doce como esperamos encontrar quando precisamos, eles atuam diretamente na cura da mazela que nos incomoda, mesmo que não consigamos enxergar. Eles fortalecem nosso corpo, dão força ao nosso sistema imunológico, combatem os vírus e bactérias que não vemos e nos preparam para resistirmos aos seus ataques sem que fiquemos dependentes de sua utilização. Assim também é o tratamento espiritual.

As Entidades de Luz enxergam em nós os sintomas que ainda não conseguimos identificar. Observam manchas em nossos corpos fluídicos que podem dizer muito mais do que conseguimos imaginar.             E a partir do que observam, aplicam a cada um de nós o tratamento que precisamos para curar nossos males espirituais. Nem sempre ouvimos o que esperamos, nem sempre somos tratados como achamos que fazemos jus... Mas com toda certeza, se formos humildes o suficiente para aceitar as nossas limitações e tivermos a nossa fé fortalecida em nosso Pai Celestial, no seu devido tempo, a luz Divina alcançará nossos corações e nos libertará daquilo que não buscamos para nós mesmos.

Observem que só nos curamos quando não buscamos o mal para nós. As entidades praticam a caridade através da manifestação do amor. Transmitem, aos que as procuram, tudo de si e do que sabem para auxiliar aos que necessitam. Entretanto, é parte fundamental do tratamento, que acreditemos na cura e paremos de buscar as fontes causadoras de nossas angústias. Boas energias são atraídas com bons pensamentos. Boas conquistas são alcançadas com boas atitudes. Querer se curar é fundamental para que obtenhamos bons resultados.

O tratamento acontece dentro da verdade de cada um. Toda Casa de Umbanda que segue os verdadeiros fundamentos da prática do amor e da caridade é protegida e imantada por Entidades de Luz que guardam e cercam o local de trabalho. Elas fazem a segurança contra a entrada de outros Espíritos que, por vezes, não nutrem os mesmos objetivos que a corrente da casa. Porém, há algo muito respeitado que se chama Livre Arbítrio. É esse Livre Arbítrio que nos permite decidir se queremos a proteção que nos é generosamente ofertada quando vibramos junto com a corrente de fé formada nos Templos ou se queremos atrair para perto de nós as energias inferiores que estão externas à Casa.

Aí nos perguntamos... Mas a guarda não teria que ser mais forte do que isso? Independente da minha vontade eu não teria que ser protegido? É nesse ponto que lembramos mais uma vez do seu Livre Arbítrio.  A Casa Umbandista e todos os irmãos que participam das reuniões são e sempre serão protegidos. Contudo, se você, individualmente, decidir por atrair más energias, pensamentos negativos ou se concentrar em sentir algo que destoe da corrente que se forma na casa, com certeza exercerá o seu direito de atrair para você aquilo que você procura, sem que seja permitido emanar para os outros, o que você busca para si. É tudo uma questão de escolha e fé.

Todos aqueles que chegam a uma Casa Umbandista fundamentada e se sentam na assistência da mesma, fazem parte da corrente energética da Casa. Porém, como já nos ensinou o Mentor de Chico Xavier, Emmanuel, é preciso sempre atentar para três questões muito importantes: a Disciplina, a Disciplina e a Disciplina. Por isso, em uma Casa Umbandista, mesmo que você sinta que seus guias espirituais estão próximos de você (pois eles com certeza estão), eles não serão indisciplinados para querer que você incorpore se não for orientado a isso pela Dirigência da Casa ou pelos Guias Chefes.

Todos nós temos o controle sobre nosso corpo e sobre as sensações que percebemos. Sentir aproximação espiritual é bastante normal quando fazemos parte da corrente de um Centro Espírita, alguns sentem mais, outros menos. Portanto, se você está sentado na assistência, tenha certeza de que está protegido e de que os seus guias espirituais, dado o grau evolutivo bastante avançado que possuem, respeitarão a disciplina da Casa e incorporarão quando e se for dado permissão pela Casa. Nesse momento então, você será chamado pelas entidades para adentrar o salão de gira e elas pedirão que você se concentre para que haja a incorporação. Isso não acontece sem a sua vontade e nem muito menos, sem a permissão da Casa.

Outra situação que algumas vezes observamos nos dias de atendimento é o consulente chegar dizendo que não está se sentindo bem e não conter a sua ansiedade para que chegue a hora de ser tratado. Entretanto, “alguém já viu um atestado de óbito em que na causa da morte esteja escrito: ESPÍRITO?” Acho muito improvável, não é? Todos nós podemos aguardar o momento de sermos chamados para tratamento. E, além disso, quando há algo que realmente não possa esperar (o que realmente pode acontecer), a própria Casa se encarrega de socorrer imediatamente, sob a orientação dos Guias de Luz. Por isso, temos que confiar na Casa que frequentamos, nas Entidades de Luz que se manifestam em nome de Deus, nos Médiuns da corrente e na firmeza da Guarda Espiritual que nos cerca.

Quando qualquer pessoa chega à Casa Umbandista, automaticamente ela já está sendo tratada. A casa é firmada e protegida para que nenhuma energia inferior possa atuar sobre quem não esteja procurando por isso. Se você busca por auxílio, aprenda a aguardar pelo remédio... Aquilo que você acha que precisa, nem sempre é o que você realmente precisa. Se você vai ao médico tratar um problema de saúde, não deve esperar que ele aplique a você o tratamento que você acha que funciona... Se não pra que ir ao médico se você já sabe o seu tratamento, não é mesmo?

Por diversas vezes, pessoas chegam à assistência e começam a manifestar algo que afirmam ser uma incorporação, começarem a sacudir seus corpos como se uma força do além tomasse conta delas contra sua própria vontade... Mas como vimos, nada acontece contra a vontade de ninguém. Se você ficar atraindo energias para você, com certeza elas se aproximarão e, com certeza, você as sentirá! Contudo, não esqueça do alto nível de disciplina que os Bons Espíritos possuem e no respeito à Casa que com certeza têm... 

Baseado nisso, entendemos que se algo fugir ao que permite a Casa, não são os Espíritos de Luz que estão atuando sobre você! Nesse caso, aquele Espírito que não respeita o solo sagrado que adentra, não merece atenção dos que trabalham pelo bem. No mesmo momento em que tenta chamar atenção com suas más condutas, não merece receber atenção daqueles que se dispõem à prática despretensiosa do bem. E assim, acabam por desistir de seus intentos...

Então você está querendo dizer que não há como Espíritos inferiores entrarem na Casa se um médium não ficar atraindo sua energia para si? Um Templo Umbandista, por ser um pronto-socorro espiritual, atende tanto aos encarnados quanto aos Espíritos que precisam de tratamento. Todavia, quando eles precisam de tratamento, são trazidos pelos próprios Espíritos de Luz, que visam alcançar a melhora das condições desses seres ainda tão materializados e ligados às energias terrenas e também daquelas pessoas que eles possam estar obsidiando (o famoso encosto). Assim, recebem a permissão de adentrarem a Casa e, nas mãos das entidades da Casa, se apresentam para que possam ser tratados e conduzidos aos seus lugares de destino. Esses Espíritos inferiores, sim, tem a permissão de estar dentro do Templo, por tempo determinado e com uma finalidade específica. De outra forma, isso não acontece.

Espero que compreendamos a graça de sermos tratados pelas entidades de Luz e que tenhamos sempre humildade suficiente para aceitar o tratamento que nos for designado, com bastante fé, alegria e resignação. Ao entrarmos em uma casa de Umbanda, devemos abrir nossos corações, pois estaremos sendo agraciados, nesse momento, por todas as entidades de luz presentes na casa. Assim nos sentiremos mais leves e nossos corações em paz !