quinta-feira, 3 de julho de 2014

A Mediunidade na Umbanda

 Não é fácil ser médium e mais difícil ainda é ser médium de Umbanda.

 A Umbanda tem como principal característica em seus fundamentos, a capacidade de trazê-los ao mundo carnal, junto à prática gratuita da caridade, através da manifestação mediúnica mais popularmente difundida como Incorporação. 
O kardecismo é muito mais tolerante que a Umbanda. No kardecismo o espírito incorpora (Psicofonia), deixa uma linda mensagem de amor ou de advertência para os perigos mundanos sem a necessidade de dizer seu nome. Na umbanda ele tem que incorporar no ponto de chamada, com a tipicidade de sua linha (Caboclo, Preto-Velho ou Criança), cumprir todas as ordens da hierarquia do terreiro, riscar o seu ponto individual, beber, fumar e dar seu nome, correndo o risco de, se não cumprir tudo, ser chamada a sua atenção. Claro que tudo será feito com cautela e tempo de treinamento. Para chegar a isso, o médium passa uma dificuldade de saber o que fazer dentro do terreiro. Ele está incorporado com o Orixá, sentindo toda sua energia, mas ainda falta muito para dar o passo certo como cavalo bem domado, chegando mesmo em alguns momentos achar que o espírito se afastou, fato explicado pelo impulso mental do médium. Dificilmente um médium é inconsciente, sendo o mais comum o médium consciente, aquele que sabe o que está acontecendo mas não tem o controle das palavras e dos gestos.
Existem médiuns, que acabam distorcendo o verdadeiro papel que lhes foi dado e se envaidecem, agindo de forma leviana em suas vidas. O médium deve tangir sua vida como sendo um mensageiro de Deus, dos Orixás e Guias. Ter um comportamento moral e profissional dígnos, ser honesto e íntegro em suas atitudes, pois do contrário acaba atraindo forças negativas, obsessores ou espíritos revoltados que vagam pelo mundo espiritual atrás de encarnados desequilibrados que estejam na mesma faixa vibracional que eles. Por isso, desenvolver a mediunidade é um processo que deve ser encarado de forma séria e regido através de um profundo estudo da religião, e seguido por conceitos morais e éticos. Ser orientado e iniciado por uma casa que pratica o bem é essencial.
Sabemos o quanto é penoso o caminho da matéria, quantos pseudo-atalhos existem no caminho da evolução, incontáveis atalhos que não levam a lugar nenhum e, para conseguirmos uma sintonia fina com “canais” superiores precisamos de três coisas básicas: humildade, simplicidade, e pureza de pensamentos, sentimentos e ações. A primeira vista parece simples, mas quando pisamos no chão, nos damos conta de nossa fraqueza que, nos atira a caminhos escuros e incertos. Então, só apelando para o Astral superior é que conseguiremos trilhar o verdadeiro caminho da espiritualidade pois, se estamos fracos, nossa fé verdadeira pautada pela razão nos libertará. E gradativamente conquistaremos e domaremos o nosso pior inimigo que, está em nosso íntimo.
O médium de incorporação é aquele que além da ligação e proteção da corrente espiritual de sua vibração original (Orixá), possui uma forte ligação com determinadas entidades espirituais. E essa ligação, vem de ligações kármicas e do acordo firmado no plano Astral, pelo próprio médium antes de seu reencarne, onde o mesmo se compromete a trabalhar pela causa espiritualista em determinado movimento ou culto. 
Por essa razão que ouvimos pessoas dizerem que foram falar com a entidade tal, e ela lhe aconselhou para que vestisse a roupa branca, ou seja, que assumisse sua missão mediúnica. Todos que passaram por isso, se conversaram com “entidades de fato” e foram chamados para o trabalho, não percam tempo. Procurem um templo que mais se afinize com suas idéias e assumam seu compromisso que, certamente serão mais felizes e realizados.

 A Mediunidade:

 Algumas definições mais comuns sobre a Mediunidade:


- Faculdade que a quase totalidade das pessoas possuem, umas mais outras menos, de sentirem a influência ou ensejarem a comunicação dos Espíritos. Em alguns, essa faculdade é ostensiva e necessita ser disciplinada, educada; em outros, permanece latente, podendo manifestar-se episódica e eventualmente.
- É a faculdade que toda pessoa que sente, em qualquer grau, a influência de espíritos. É, portanto a capacidade de uma pessoa que serve de ponte de comunicação entre o mundo espiritual e material.
 - Natural aptidão para intermediar os Espíritos. É atributo do espírito, patrimônio da alma imortal.
 - A faculdade medianímica prende-se ao organismo; ela é independente das qualidades morais do médium, e é encontrada nos mais indignos como nos mais dignos. Não ocorre o mesmo com a preferência dada ao médium pelos bons Espíritos.
- A mediunidade existe independentemente das condições morais da pessoa, entretanto, uma boa condição moral, pela lei de afinidade, facilita atrair Espíritos cada vez mais adiantados.
 - É um compromisso de espíritos muitos endividados; é a última chance, na expressão popular. Só se dá remédio melhor ao doente mais grave; à exceção de alguns poucos médiuns, que eu chamaria de raros, cuja vida é apostolar e que vêm na Terra em verdadeiras missões, nós outros, a grande maioria, somos constituídos de espíritos em reabilitação. Então eu diria aos companheiros de luta que a mediunidade é uma terapia que a divindade nos dá para o nosso reequilíbrio. Como somos criaturas muito frágeis sob muitos aspectos e vivemos numa cultura de muitas facilidades, tenhamos cuidado. Quando o médium parece estar ornado de apogeu, de facilidades, está em perigo. Quando ele está com desafios, está no mesmo trilho de Jesus.
 (Divaldo P. Franco)

O Campo Mediúnico

Campo Mediúnico, que é uma espécie de Aura mais materializada e com propriedades magnéticas, contendo fluidos próprios e propícios às manifestações mediúnicas. Quando, em sua preparação cármica para uma nova encarnação, o espírito pré-reencarnante ter escolhido ou sido compelido a melhorar-se pela mediunidade, seus corpos receberão uma camada adicional, o Campo Magnético, que o habilitará à mediunidade. Isto explica o porquê que todas as pessoas ter certo grau de sensibilidade mediúnica, mas nem todas pessoas são médiuns. Este campo mediúnico permite que o médium sinta/pressinta vibrações sutis em um ambiente ou até mesmo a aproximação de algum espírito.

 Este campo tem como propriedades:
 - Receptor das energias sutis ambientais ou de espíritos
- Protetor contra investidas de baixas vibrações
- Serve como suporte básico para o desenvolvimento constante da mediunidade
- Reservar substancialmente energias que são utilizadas nos processos mediúnicos, evitando que o médium recorra aos seus estoques comuns de energias.
As Defumações na Umbanda, descarregam o cam­po mediúnico e sutilizam suas vibra­ções, tornando-o receptivo às energias de ordem positiva. Ela é essencial para qualquer tra­ba­lho num terreiro, pois certas cargas se juntam (agregam) ao nosso corpo astral durante nossa vivência cotidiana, ou seja, pensamentos e ambientes de vi­bração pesada, rancores, preocupa­ções, pen­samentos negativos, etc, tu­do isso produz (ou atrai) certas formas-pensamento que se aderem ao nosso campo eletromag­nético, bloqueando trans­missões energéticas. Pois bem, a defumação tem o poder de desagregar estas cargas, através dos elementos ar, fogo e vegetal que a compõe, pois interpenetra o campo as­tral, mental e a aura, tornando-os no­va­mente “libertos” de tal peso para pro­duzirem seu funcionamento normal.

 O Campo Energético:

Há também os atabaqueiros, que transmitem a vibração da espiritualidade superior por via dos atabaques, criando um campo energético favorável à atração de determinados espíritos, sendo muitas vezes responsáveis pela harmonia da gira. Há os Corimbas, que são os que comandam os cânticos e os cambonos e sambas, os que são encarregadas de atender as entidades, provisionando todo o material necessário para a realização dos trabalhos.
Nossos pensamentos originam vibrações coloridas, impressas no nosso corpo energético, ou Aura Humana. A aura é um campo eletromagnético emitido por nós, refletindo o estado físico, mental e espiritual, pelo seu tamanho, cor, forma e densidade. Através dos pensamentos, ações e sentimentos, um espírito é identificado pelo seu nível evolutivo, pois a aura reflete-se através de padrões das cores. Quanto mais brilhantes e claras as cores, mais demonstra o equilíbrio espiritual, assim como quanto mais apagado a cor da aura, mais materializado se está.
A aura é o elemento responsável pela troca energética entre o espírito, e o ambiente.
Emoção é energia e a incontrolabilidade dessas energias, ou, simplesmente dizendo, o mau uso dessas energias acarreta:
1º – literalmente causa explosões que rompem a aura, deixando-a danificada e conturbada. Uma aura poluída, digamos assim. Veja o exemplo na figura ao lado.
O corpo espiritual ou, detalhando, os corpos Astral e Mental, serão atingidos e danificados. Uma vez isso acontecendo, de imediato os reflexos se farão visíveis no corpo Físico, na forma de inquietação, de irritabilidade, ou doenças não diagnosticáveis pela medicina. 

A Incorporação:

MODELOS SIMBÓLICOS: 
Este texto, já apresentou a definição da incorporação, os corpos existentes e suas interações e a definição geral de mediunidade. Tudo isso para introduzir conceitos que daqui para frente serão necessários para melhor compreensão dos mecanismos envolvidos na incorporação.
Serão apresentados quatro modelos que tentam explicar, por comparação simbólica o fenômeno da incorporação e para efeito didático, não será abordado neste momento o grau de consciência que existe no médium. Estes modelos são meras hipóteses que procuram explorar qual seria a complexidade existente nos mecanismos da mediunidade de incorporação.
Em seguida, será discutido qual ou quais dos modelos melhor se adequariam ao processo de incorporação.
O fantoche

A marionete
O ventríloco

MODELO O FANTOCHE: 

– Este modelo simboliza a interação entre a (a) entidade manifestante, (b) o médium, (c) seus corpos e (d) as energias manipuladas.


(a) A entidade seria representada pelas mãos humanas da figura ao lado, simbolicamente na parte superior (maior elevação espiritual). Ela é quem faz o fantoche (o corpo do médium) movimentar-se de acordo com sua vontade, inteligência e capacidade. 
(b) O médium fica à mercê da vontade da entidade, obedecendo-a mecanicamente. 
(c) Os corpos do médium são representados pelo fantoche e sua sombra. O fantoche é o corpo físico e a sombra seria o perispírito afastado. 
(d) As energias seriam os fios que unem os chacras da entidade e os corpos do médium. Essas energias fariam contato entre entidade e os chacras, plexos e órgãos do médium.
Este modelo tem como ponto favorável o fato de explicar tanto o fenômeno mediúnico da incorporação (espírito desencarnado manifestado num corpo físico) quanto o outro fenômeno mediúnico denominado de Transe (Orixá manifestando suas características através do uso de um corpo físico). 
Neste modelo não há a “entrada” do espírito no corpo físico do médium, há apenas o uso à distância do corpo físico através da manipulação e ligação energética de duas personalidades (entidade e médium) por meio dos chacras, plexos e órgãos. 
Por outro lado, essa distância existente propicia possíveis problemas de comunicação e controle por parte da entidade manifestante, que teria dificuldades em dominar toda a complexidade do fenômeno. Sendo assim, a participação do médium seria fundamental, apesar de afastado ligeiramente, teria ainda certo controle sobre seu corpo físico. 
MODELO A MARIONETE:

– Este modelo simboliza a interação bem mais próxima entre (a) a entidade manifestante, (b) o médium, (c) seus corpos e (d) as energias manipuladas.


(a) A entidade seria representada pela mão humana da figura ao lado, ela é quem faz a marionete (o corpo do médium) movimentar-se de acordo com sua vontade, inteligência e capacidade, para tanto, ela “entra” com o seu corpo espiritual, no corpo físico do médium.

(b) O médium fica à mercê da vontade da entidade, obedecendo-a mecanicamente 
(c) Os corpos do médium são representados pela marionete. A marionete é o corpo físico e a parte cinza seria o perispírito. 
(d) As energias estariam no ponto de contato entre a mão (entidade) e os corpos do médium. 
Este modelo tem como ponto principal o fato de mostrar que o espírito manifestante “entra” no corpo físico do médium enquanto que este está afastado. Também demonstra, neste modelo, que as feições faciais e os movimentos motores do corpo físico, passam a ser da entidade. Como ponto desfavorável, este modelo não consegue explicar que o que acontece entre os momentos de afastamento do médium (e sua posterior perda de controle motor) e a aproximação da entidade (e seu posterior domínio sobre os controles motores do corpo físico “emprestado”). 
MODELO O VENTRÍLOCO:

 – Este modelo simboliza a interação próxima entre a (a) entidade manifestante, (b) o médium, (c) seus corpos e (d) as energias manipuladas.


 (a) A entidade seria representada pelo ventríloco que se coloca logo atrás ao corpo físico. Ela colocaria uma de suas mãos (simbolizando certo controle motor) por dentro do corpo físico, exercendo sobre ele, sua vontade. 


(b) O médium fica à mercê da vontade da entidade, obedecendo-a mecanicamente 
(c) O corpo físico do médium é representado pelo boneco que recebe comandos motores, se movimentando de acordo com a vontade do espírito atuante. 
(d) As energias estariam transitando entre o ventríloco (espírito) e o boneco (corpo físico).
Assim como o modelo Fantoche, este modelo tem como característica demostrar que o espírito manifestante não “entra” no corpo físico do médium enquanto existe a incorporação. Ele atua através da ligação chacra-chacra (espírito e médium) dominando de modo imparcial o controle motor do corpo físico. O modelo também sugere que a transmissão do pensamento da entidade através do aparelho fonético do corpo físico do médium é feita como se a entidade estivesse “ditando” as palavras para a mente do médium e este transmitiria isso pela fala, caracterizando que mais de uma modalidade mediúnica estaria presente durante a incorporação: a irradiação intuitiva. 
Como ponto desfavorável, este modelo demonstra que a entidade teria controle parcial sobre o corpo físico do médium e nem mesmo as expressões faciais estariam fielmente representando a vontade da entidade. 

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