quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Os Preto-Velhos e suas Histórias...

Os Preto-Velhos na Umbanda, são espíritos que se apresentam em corpo fluídico de velhos africanos que viveram nas senzalas, majoritariamente como escravos, e que morreram no tronco ou de velhice, e que adoravam contar as histórias do tempo do cativeiro. Sábios, ternos e pacientes dão o amor, a fé e a esperança aos “seus filhos”.
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São entidades desencarnadas que tiveram pela sua idade avançada, o poder e o segredo de viver longamente através da sua sabedoria, apesar da rudeza do cativeiro demonstram fé para suportar as amarguras da vida, conseqüentemente são espíritos guias de elevada sabedoria geralmente ligados à Confraria da Estrela Azulada dentro da Doutrina Umbandista do Tríplice Caminho (AUMBANDHAM – alegria e pureza + fortaleza e atividade + sabedoria e humildade), trazendo esperança e quietude aos anseios da consulência que os procuram para amenizar suas dores, ligados a vibração de Omolu, são mandingueiros poderosos, com seu olhar prescrutador sentado em seu banquinho, fumando seu cachimbo, benzendo com seu ramo de arruda, rezando com seu terço e aspergindo sua água fluidificada, demandam contra o baixo astral e suas baforadas são para limpeza e harmonização das vibrações de seus médiuns e de consulentes. Muitas vezes se utilizam de outros benzimentos, como os utilizados pelo Pai José de Angola, que se utiliza de um preparado de “guiné” (pedaços de caule em infusão com cachaça) que coloca nas mãos dos consulentes e solicita que os mesmos passem na testa e nuca, enquanto fazem os seus pedidos mentalmente; utiliza-se também de vinho moscatel, com o que constantemente brinda com seus “filhos” em nome da vitória que está por vir.
São os Mestres da sabedoria e da humildade. Através de suas várias experiências, em inúmeras vidas, entenderam que somente o Amor constrói e une a todos, que a matéria nos permite existir e vivenciar fatos e sensações, mas que a mesma não existe por si só, nós é que a criamos para estas experiências, e que a realidade é o espírito. Com humildade, apesar de imensa sabedoria, nos auxiliam nesta busca, com conselhos e vibrações de amor incondicional. Também são Mestres dos elementos da natureza, a qual utilizam em seus benzimentos.
 Preto Velhos : "Os espíritos da humildade, sabedoria e paciência".
São entidades cultuadas pelas religiões afro-brasileiras, em especial a Umbanda. Nos trabalhos espirituais desta religião, os médiuns encorporam entidades que possuem níveis de evolução e arquétipos próprios. Estas se dividem em três níveis:
As Crianças – Chamadas eres, ou ibejis, representam a pureza, a inocência, daí sua característica infantil.
Os Caboclos – Onde se incluem os Boiadeiros, Caboclos e Caboclas, representam a força, a coragem, portanto apresentam a forma do adulto, do herói, do guerreiro, do índio ou soldado.
Os Preto-Velhos – Incluem os Tios e Tias, Pais e Mães, Avôs e Avós todos com a forma do idoso, do senhor de idade, do escravo. Sua forma idosa representa a sabedoria, o conhecimento, a fé. A sua característica de ex-escravo passa a simplicidade, a humildade, a benevolência e a crença no “poder maior”, no Divino.
A grande maioria dos terreiros de Umbanda, assim também suas entidades possuem a fé Cristã, ou seja, acreditam e cultuam Jesus (Oxalá). Entidades aqui tomada no sentido de espíritos que auxiliam aos encarnados, o mesmo que guia de luz.
A característica desta linha seria o conselho, a orientação aos consulentes devido a elevação espiritual de tais entidades, são como psicólogos, receitam auxílios, remédios e tratamentos caseiros para os males do corpo e da alma.
Os Preto-Velhos seriam as entidades mais conhecidas nacionalmente, mesmo por leigos que só ouviram falar destas religiões Afro-Brasileiras. São lembrados também pelo instrumento que normalmente utiliza o cachimbo.
Os nomes de alguns mais comuns de que se tem notícia são: Pai João, Pai Joaquim de angola, Pai José de Angola, Pai Francisco, Vovó Maria conga, Vovó Catarina. Pai Jacó, Pai Benedito, Pai Anastácio, Pai Jorge, Pai Luis, Mãe Maria, Mãe Cambinda, Mãe Sete Serras, Mãe Cristina, Mãe Mariana, Maria Conga, Vovó Rita e etc.
Na Umbanda, são homenageados no dia 13 de maio, data que foi assinada a Lei Áurea, data da abolição da escravatura.
Os pontos cantados, servem para saudar a presença das entidades, diferentemente do que geralmente se pensa, não foram feitos para chamar, mas sim para agradecer a presença, como um “Olá”.
Pontos: Saudação dos Preto-Velhos quando iniciada uma gira
"Bate tambor lá na Angola, bate tambor Bate tambor lá na Angola, bate tambor… Bate tambor, Pai Joaquim*… Bate tambor, Maria Conga*… Bate tambor, Pai Mané*… (* coloca-se o nome dos pretos velhos da casa)."
"Eu andava perambulando, sem ter nada p’ra comer Fui pedir as Santas Almas Para vir me socorrer Foi as Almas que me ajudou Foi as almas que me ajudou Meu Divino Espírito Santo Glória Deus, Nosso Senhor Nessa casa tem quatro cantos Cada canto tem um santo Pai e filho, Espírito Santo Nessa casa tem 4 cantos…"
'Quem vem, que vem lá de tão longe? São os pretos velhos que vem trabalhar Quem vem, que vem lá de tão longe? São os pretos velhos que vem trabalhar Ô da-me forças pelo amor de Deus, meu pai Ô da-me forças pros trabalhos teus."
"Zum zum zum Olha só Jesus quem é Eu rezo para santas almas Inimigo cai Eu fico de pé"
"O preto por ser preto Não merece ingratidão O preto fica branco Na outra encarnação No tempo da escravidão Como o senhor me batia Eu chamava por Nossa Senhora, Meu Deus! Como as pancadas doíam."
"Tira o cipó do caminho, oi criança Deixa a vovó atravessar Tira o cipó do caminho, oi criança Deixa a vovó atravessar"
"A bença Vovô Quando precisar lhe chamo A bença Vovô Quando precisar lhe chamo Zambi lhe trouxe, Zambi vai lhe levar Agradeço a toalha de renda de chita de pai Oxalá."
"Vovô já vai, já vai pra Aruanda… Abença meu pai, proteção pra nossa banda."
"Negro está molhado de suor, mas tá feliz porque Deus o libertou (bis)".
"Ô sinhá sinha, segura a chibata não deixa bater, faz uma prece prá negro morrer, negro não quer mais sofrer (bis)."
Ponto p/firmar a gira: "Viva Deus, viva a Gloria, viva o rosário de nossa Senhora(bis)".
Ponto para benzimentos: "Pai João d”angola com sua ternura, sentado no tronco ele benze as criaturas (bis), a estrela de Oxalá seu ponto iluminou, ele é Pai João d”angola ele é nosso protetor".
Ponto de subida: "Já vai preto-velhos subindo pro céu e nossa senhora cobrindo com véu (bis)".
A linha dos Preto-Velhos, na Umbanda, são entidades que se apresentam esteriotipados como anciãos negros conhecedores profundos da magia Divina e manipulação de ervas, o qual aplicam frequentemente em sua atuação na Umbanda, porém no Candomblé são considerados Eguns.
Crê-se que em referência à dor e aflição sofrida pelo povo negro (período de trevas no território brasileiro), sua linha, reflete a humildade, a paciência e a perseverança característica da atuação da linha nominada de Yorimá, que apresenta-se de pés no chão, cachimbo de barro bem rústico, quando não cigarro de palha, café, e um fio de contas de rosários (Lágrima de Nossa Senhora) e cruzes, figas e brevês os quais utilizam magisticamente em sua atuação astral.
Os Preto-Velhos apresentam-se com nomes de individualizam sua atuação, conforme nação ou Orixá regente, evidenciando sua atuação propriamente dita.

Os nomes mais comums usados são:

  • Pai Agostinho;
  • Pai Joaquim;
  • Pai Francisco;
  • Pai Maneco;
  • Pai João;
  • Pai José;
  • Pai Mané;
  • Pai Antônio;
  • Pai Roberto;
  • Pai Cipriano;
  • Pai Tomaz;
  • Pai Jobim;
  • Pai Roberto;
  • Pai Guiné;
  • Pai Jacó;
  • Pai Cambinda;
  • Pai Benedito;
  • Pai Joaquim;
  • Pai Ambrósio;
  • Pai Fabrício;
  • Tio Antônio;
  • Vô Benedito;
  • Velho Liberato
etc…
E os femininos:
  • Vó Cambinda;
  • Vó Bibiana;
  • Vó Cecília;
  • Vó Irina;
  • Vó Maria Conga;
  • Vó Catarina;
  • Vó Ana;
  • Vó Sabina;
  • Vó Quitéria;
  • Vó Benedita;
  • Vó Iriquirita;
  • Vó Leopondina;
  • Vó Filomena;
  • Vó Joana;
  • Vó Joaquina;
  • Vó Rita;
  • Vó Mariana;
  • Vó Guilhermina;
  • Mãe Benta;
  • Mãe Maria;
etc…
Em sua linha de atuação, apresentam-se pelos seguintes codinomes, conforme acontecia na época da escravidão, onde os negros eram nominados de acordo com a região de onde vieram:
  • Congo - Ex: (Pai Francisco do Congo), refere-se a pretos velhos ativos na linha   de Iansã
  • Aruanda - Ex: (Pai Francisco de Aruanda), refere-se a Preto-Velhos ativos na linha de Oxalá. (OBS: Aruanda quer dizer céu);
  • D´Angola - Ex: (Pai Francisco D´Angola), refere-se a Preto-Velhos ativos na linha de Ogum;
  • Matas - Ex: (Pai Francisco das Matas), refere-se a Preto-Velhos ativos na linha de Oxóssi;
  • Calunga, Cemitério ou das Almas - Ex: (Pai Francisco da Calunga, Pai Francisco do Cemitério ou Pai Francisco das Almas), refere-se a Preto-Velhos ativos na linha de Omolu/Obaluayê;
Entre diversas outras nominações tais como: Guiné, Moçambique, da Serra, da Bahia, etc…
Muitos podem apresentar-se como Tio, Tia, Pai, Mãe, Vó ou Vô, porém todos são Preto-Velhos. Na gira eles só comem o que for feito de milho como por exemplo:
  • Bolo de milho, pamonha, cural e etc.

“AS SETE LÁGRIMAS DE UM PRETO VELHO”
Num cantinho de um terreiro, sentado num banquinho, fumando o seu cachimbo um triste Preto Velho chorava. De seus olhos molhados, esquisitas lágrimas desciam-lhe pela face e… Foram sete.
A Primeira… A estes indiferentes que vem no Terreiro em busca de distração, para saírem ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber;
A Segunda… A esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando, na expectativa de um milagre que os façam alcançar aquilo que seus próprios merecimentos negam;
A Terceira… Aos maus, aqueles que somente procuram a umbanda em busca de vingança, desejando sempre prejudicar ao semelhante;
A Quarta… Aos frios e calculistas, que sabem que existe uma força espiritual e procuram beneficiar-se dela de qualquer forma, e não conhecem a palavra gratidão;
A Quinta… Chega suave, tem o sorriso, o elogio da flor dos lábios, mas se olharem bem seu semblantes verão escrito: creio na Umbanda, nos teus Caboclos e no teu Zambi, mas somente se resolverem o meu caso ou me curarem disto ou daquilo;
A Sexta… Aos fúteis, que vão de centro em centro, não acreditando em nada, buscam aconchego, conchavos e seus olhos revelam um interesse diferente;
A Sétima… Como foi grande e como deslizou pesada! Foi à última lágrima, aquela que vive nos olhos de todos os Orixás. Aos médiuns vaidosos (as), que só aparecem no Centro em dia de festa e faltam as doutrinas. Esquecem que existem tantos irmãos precisando de caridade e tantas criancinhas precisando de amparo material e espiritual.

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