sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Os Boiadeiros na Umbanda

Os  Boiadeiros chegam nos terreiros de Umbanda, vem com o pé calçado e outro no chão, com seu chapéu de couro e seu chicote do lado, eles trazem alegria dando seu lindo brado.

O Boiadeiro traz o seu sangue quente do sertão, e o cheiro de carne queimada pelo sol das grandes caminhadas sempre tocando seu berrante para guiar o seu gado. Normalmente, eles fazem duas festas por ano, uma no inicio e outra no meio do ano. Eles são logo reconhecidos pela forma diferente de dançar, tem uma coreografia intricada de passos rápidos e ágeis, que mais parece um dançarino mímico, lidando bravamente com os bois.

S
eu dia é quinta feira, gosta de bebida forte como por exemplo cachaça com mel de abelha, que eles chamam de meladinha, seu prato preferido é carne de boi com feijão tropeiro, feito com feijão de corda ou feijão cavalo. Ao amanhecer o dia, o Boiadeiro arruma seu cavalo e leva seu gado para o pasto, somente volta com o cair da tarde, trazendo o gado de volta para o curral. Nas caminhadas toca seu berrante e sua viola cantando sempre uma modinha para sua amada, que fica na janela do sobrado, pois os grandes donos das fazendas não permitem a mistura de empregados com a patroa, foi este um dos grandes motivos de morte dos tocadores de gado.

Devemos levar nas obrigações de Boiadeiro um pedaço de pano vermelho, para representar o lenço do pescoço, um pedaço de corda virgem. Boiadeiro também gosta muito de abóbora com farofa de torresmo e é sempre bom colocar um pedaço de fumo de rolo e cigarro de palha.

Dentre muitos Boiadeiros, citamos: Boiadeiro Capitão (ou Zé do Mato), Boiadeiro na Jurema, Lajedo, Boiadeiro do Rio, Carreiro, Boiadeiro do Ingá, Navizala, Boiadeiro de Imbaúba, João Boiadeiro, Boiadeiro Chapéu de Couro, Boiadeiro Juremá, Zé Mineiro e Boiadeiro do Chapadão, etc ...

O Boiadeiro que será do gado sem você?, toca a boiada peão, 
O som do berrante vem com o vento empurrado pelo pulmão do errante, sol e chuva não atrasa a a chegada, olhos grudados nas estradas e campos desbravados, chega mais assenta o boiadeiro na cadeira atendendo o chamado do patrão, combina o trato e alisa a montaria, não deixa os animais cansarem sem ter agua na pradaria, corre a frente mas chega depois do gado no destino, não perde novilhas muito menos seu arreio, banha-se nas aguas doadas por Oxalá, corta campinas sem prejudicar o pasto, tire o chapéu nas encruzilhadas e pede passagem, saúda o sol e a chagada da noite, com fé percorre o dia e descansa ao entardecer, amanhece vestido e dorme coberto com o manto de nossa senhora. 

Boiadeiro é uma entidade que representa a natureza desbravadora, romântica, simples e persistente do homem do sertão, “o caboclo sertanejo”. São os vaqueiros, boiadeiros, laçadores, peões, tocadores de viola … é o mestiço brasileiro, filho de branco com índio, índio com negro e assim vai. Para algumas correntes de pensamento umbandista, esses espíritos já foram Exus e, numa transição de grau evolutivo, hoje se manifestam como caboclos boiadeiros.
Sofreram preconceitos como sendo os “sem raça” e sem origem mas ganharam a terra do sertão com seu trabalho e luta, sempre respeitando a natureza e aprendendo um pouco com o índio e suas ervas que curam; um pouco com o negro e seus Orixás, mirongas e feitiços; um pouco com o branco e sua religião que fala de Jesus e de Nossa Senhora com respeito e carinho.

Formam uma linha mais recente de espíritos, já que na primeira década da fundação da Umbanda, em 1908, não havia manifestação explícita dessa linha de trabalho. No astral, porém, ela já se preparava para trazer seus ensinamentos, sua alegria e suas experiências, chegando em massa após os anos 20. Os boiadeiros já conviveram mais com a modernidade, com a utilização da roda, do ferro, das armas de fogo e com a prática da magia na terra, e esse ponto ajuda muito a diferenciá-los dos caboclos, que representam povos de costumes mais primitivos e conhecimentos mais naturais.

De modo geral os Boiadeiros usam chapéus de couro com abas largas para proteger do sol forte, calças com as barras arregaçadas e movimentam-se muito rápido. O chicote e o laço são suas “armas espirituais”, verdadeiros mistérios, e com eles vão quebrando as energias negativas e descarregando os médiuns, o terreiro e os consulentes. A corda é usada com sabedoria para laçar o “boi brabo”, para “pegar aquele que se afasta da boiada”, ou para “derrubar o boi para abate”.

Dentro do campo mediúnico os boiadeiros fortalecem o médium, abrindo a porteira para a entrada dos outros guias e tornando-se grandes protetores, como os Exus. Da mesma maneira que os Pretos Velhos representam a humildade, os Boiadeiros representam a liberdade e a determinação que existe no homem do campo e a sua necessidade de conviver com a natureza e os animais, sempre de maneira simples mas com uma força e uma fé gigantescas.


Sua saudação: "Xetro Marrumbaxêtro", "Minakêto Navizála"






Jetuê, Jetuá

Corda de laçar meu boi

Jetuê, Jetuá

Corda de meu boi laçar

Jetuê, Jetuá

Boiadeiro laçador

Jetuê, Jetuá

Meu boi fugiu, eu vou laçar ….

Salve os Boiadeiros! 


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