terça-feira, 13 de agosto de 2013

Os Objetos ritualísticos da Umbanda

 Dentro da  liturgia dos cultos costuma-se chamar de “parâmentos” palavra de significado um tanto esdrúxulo dada a importância dos objetos dentro de um Terreiro de Umbanda. Estes “objetos ritualísticos” geralmente são tidos como de efeito decorativo pelos leigos, ou ainda, o que é pior, os próprios participantes do culto maior parte das vezes ignoram a função disto ou daquilo, nunca se perguntando o motivo de se realizarem certos preceitos ou o porque da coisa ser feita desta ou daquela forma.
 
AS VELAS
  Dentro da magia universal, as velas foram sempre utilizadas na maior parte dos rituais em que se precisa realizar algum contato com forças superiores ou inferiores, isto, claro, dependendo da moral de quem vai se utilizar das forças mágicas, já que magia não pode ser distinta de forma específica em branca ou negra (ou como queiram os puristas: Teurgia e Goécia), pois estes aspectos são facetas interiores daquele que pretende mobilizar certas forças cósmicas. Nos Terreiros, há sempre alguma vela acesa.
  
 A função de uma vela, que já foi definida como o mais simples dos rituais, é no sentido mais básico, o de simplesmente repetir uma mensagem, um pedido. A pessoa se concentra (passo fundamental no ritual de acender velas. O pensamento mal-direcionado, confuso ou disperso pode canalizar coisas não muito positivas ou simplesmente não funcionar. Diz um provérbio chinês “cuidado com o que pede, pois poderá ser atendido”) no que deseja a função da chama é o de repetir, por reflexo, no astral, a vontade e o pedido do interessado. Existem diversos fatores dentro da magia no tocante ao número de velas a serem acesas e outros detalhes que dizem respeito apenas aos iniciados e mestres, não cabendo a nós, por profundo desconhecimento de tais detalhes, apresentá-los aqui. Os verdadeiros médiuns podem, se quiserem ou melhor ainda, se merecerem, aprender tudo o que suas entidades acharem por bem transmitir-lhes.
 
AS IMAGENS
 
Demos como exemplo de elevação mental as imagens dos santos que muitas tendas ainda usam: tais imagens, embora tenham sua importância, não precisam ser muitas, como em certos terreiros que chegam a rachar a madeira do conga com o peso das estátuas. Além disso, em vez de exercerem um papel de elevação mental nos consulentes, causarão mais confusão, tamanho o número de referências  que os olhos encontrarão pela frente. Aí só haverá a serventia de distrair e atrapalhar a concentração, que resultará fraca e sem objetivo. Além disso, uma disposição amontoada destas imagens poderá dar uma impressão confusa ao conga, que é o ponto do terreiro para onde se dirigem todas as atenções.
 
CHARUTOS E CACHIMBOS
 
A Umbanda é muito criticada a achincalhada pelo fato de suas entidades usarem o fumo na sessões, os detratores aproveitando-se disto para taxarem-nas de  atrasadas ou primitivas. A grosso modo, o fumo prestar-se-ia a agir como uma “defumação direcionada”, ou seja, certas cargas mais pesadas seriam destruídas pelas baforadas do cachimbo ou do charuto, além de outras funções mais complexas só conhecidas e manipuladas pelas entidades, as quais, inclusive aconselham os médiuns a não fumarem.
NOTA: AS ENTIDADES NÃO TRAGAM O FUMO, ALÉM DE CONSEGUIREM, POR MEIOS PRÓPRIOS DE CONHECIMENTO DELES, NÃO DEIXAREM SEQÜELAS EM SEUS APARELHOS.
 
AS VESTES
Na Umbanda, as vestes são sempre  BRANCAS, e sempre muito limpas, já que este é um dos motivos pelo qual se troca de roupa para os trabalhos. Nunca se deve trabalhar com as roupas do corpo, ou já vir vestido de casa com as roupas brancas. O suor causa uma sensação de desconforto, o que traz uma má concentração e intranqüilidade no médium.O branco é de caráter refletor, já que é a somatória de todas as cores e funciona, aliado a outras coisas, como uma espécie de escudo contra certos choques menores de energias negativas que são dirigidas ao médium. Além disso, é uma cor relaxante, que induz o psiquismo à calma e à tranqüilidade.
   
AS GUIAS
  
  Esta é uma questão delicada. Muito difundidas por aí estão as guias de porcelana e de vidro, quando não de plástico, materiais de natureza isolante, que não retém nada energético, sendo pois apenas úteis no mesmo princípio de elevação mental das imagens, ou seja, predispõem o psiquismo dos médiuns a um efeito psicológico-positivo, efeito este que se estende ao consulente devido às várias cores que essas guias chamadas de sugestivas possam ter. Este cromatismo induz os pensamentos a vibrarem em sintonia com cada cor, cada uma delas tendo uma função particular de acordo com sua matiz: AS BRANCAS, como já foi dito a respeito da roupa lembra e induz o pensamento as coisas puras, além de serem de caráter refletor; as VERMELHAS são  úteis para repulsar cargas negativas, além de quebrarem correntes negativas; as AMARELAS, ótimas para quebrar mau-olhado e energias perigosas oriundas de sentimentos pesados como a inveja, cobiça, etc; as VERDES limpam a mente de pensamentos morbosos e atuam muito bem atraindo fluídos mentais de cura; as AZUIS acalmam e ativam estados mentais relativos às coisas superiores; as ROSAS elevam o pensamento às coisas puras no sentido do amor fraterno ou não; as guias PRETAS e BRANCAS por sua própria natureza se anulam e por isso não servem para coisa alguma; as PRETAS então, se prestam apenas para contatos com coisas inferiores e negativas. Existe uma confusão por aí, mas relacionada a uma certa aproximação com o Candomblé, que dedica a cor da guia a determinado Orixá. A coisa não é bem assim; na UMBANDA, as guias tem função independente e as cores dos colares são relativas apenas ao cromatismo, uma vez que existe uma cor ritual para os Orixás e uma cor energética, a qual é a real cor vibratória do Orixá. Essas cores rituais variam de um lugar para outro e estão confusas devido a aproximação com o Candomblé, que utiliza nos colares a cor a eles dedicados.
Na Umbanda, as cores energéticas dos Orixás, de sua verdadeira vibração, são por exemplo as seguintes:
Para OXALÁ: o branco
Para OGUM: o vermelho
Para OXOSSI: o verde
Para XANGÔ: o marrom
Para YORIMÁ: o violeta
Para YORI: o rosa e o azul
Para YEMANJÁ: o azul turquesa
e assim por diante...
Existem também as guias NATURAIS, que são feitas com elementos minerais, vegetais ou animais e que tem rela valor energético de absorção ou repulsão de forças magnéticas, e que realmente constituem escudo eficaz para os médiuns. Estas guias podem ser feitas de:
ELEMENTOS MINERAIS: Pedras de cristal; de rocha; ametista, etc.
ELEMENTOS ANIMAIS: Conchas, do rio ou do mar; cavalo-marinho; búzios.
ELEMENTOS VEGETAIS: Favas; lágrimas de Nª Senhora; capacete de Ogum.
Caules: arruda, guiné, jasmim; várias sementes; vários frutos.
Deve ficar bem claro que não adianta nada ter-se uma guia no pescoço sem que ela esteja devidamente imantada, pois do contrário de nada irá funcionar, será apenas um enfeite. Quando bem imantada, é um poderoso escudo e seu uso nos trabalhos torna-se indispensável.
Existe uma noção errônea de que quanto mais guias no pescoço mais forte e protegido estará o médium. Entidades de fato e de direito pedem apenas as guias necessárias à proteção do seu aparelho e jamais pedem as guias para elas próprias, uma vez que o visado é o médium e não a entidade pelas cargas dos consulente.

0 comentários:

Postar um comentário