Falando no sentido amplo de trabalho, significa a reunião de vários
espíritos de uma mesma categoria. Com relação aos tipos, as giras podem ser divididas em: festivas, de trabalho,
de treinamento, fechada ou aberta e especifica. Antes das giras propriamente
ditas, deve ser feita uma "abertura dos trabalhos" para que o ambiente
seja devidamente preparado. Vejamos abaixo caso a caso:
Gira festiva - É aquela em que se presta uma
homenagem a um Orixá/ ou Entidade do dia. Nela pode-se puxar outras vibrações,
separadamente;
Gira de trabalho - São giras realizadas regularmente
para o atendimento de consulentes;
Gira de treinamento - Pode ser realizada junto com
a gira de trabalho ou em dia especifico. Nela se processa o desenvolvimento
mediúnico dos iniciantes que serão trabalhados pelas entidades
incorporadas ou por médiuns feitos, através da vibração
de seus guias, sem incorporação;
Gira aberta - É uma gira onde se toca para duas
ou mais categorias de espíritos. Nela podem trabalhar, ao mesmo tempo,
Caboclos, Pretos Velhos, Ibeijada, etc. Cada médium trabalha com a entidade
que desejar se manifestar.
Gira fechada - Nestas giras, muito utilizada, pois trabalha-se com uma "linha"
de cada vez, pelo fato de não
haver cruzamento de energia, assim existindo melhor aproveitamento dos fluidos
por parte dos médiuns. Neste caso, chama-se uma única linha por vez, espera-se encerrar seu
trabalho, e só depois que ela tiver deixado a gira, chama-se outra linha.
Todos os médiuns trabalham com Caboclos, depois com Baianos, e assim por diante.
Gira especifica - São as giras de Abaluaê,
Oriente, Ibeijada, Exús e Pomba Giras. No caso destas giras são
necessários certos procedimentos para se isolar o trabalho. Isso pode
ser feito com preces, cânticos especiais ou até mesmo em dias especiais
após imantações.
A gira de Exú é uma gira difícil
de ser trabalhada pois muitos deturpam a sua finalidade e o modo de trabalho
de tais entidades. A falta de conhecimento leva muitos a acreditarem que se
trata do "diabo". Mal sabem que o diabo é o mal, o orgulho,
a vaidade, a discriminação e a preguiça que alguns carregam
consigo. Deve-se cantar 7 curimbas para Ogum que sempre abre e fecha
esta gira - não é obrigatória a incorporação
de Ogum. A energia de Ogum é responsável pelo equilíbrio
dos espíritos desta faixa de evolução.Os Exús e Pomba Giras são entidades evoluídas,
embora ainda estejam na base do desenvolvimento espiritual, por isso não se pode aceitar de foma alguma, aqueles que fazem gestos obscenos, falam palavrões e
dão gargalhadas espalhafatosas ou mesmo que utilizam roupas extravagantes
já que todas as outras entidades trabalham com os médiuns vestidos
de branco. Tudo Isso é teatro, brilho, fantasia não tem nenhuma
importância espiritual. Tais entidades são de muito respeito e
muita luz, porém humildes e muito próximas da consciência
terrena, deixam seus médiuns a vontade.
Médium evoluído, Exú em evolução, valendo
também o inverso. Estas entidades defendem nosso campo anímico (ligação
matéria/espírito) para que Oxalá possa continuar conveccionando
a vida. Vemos assim que elas têm uma importante função no
plano espiritual.
A gira de Ibeijada também é uma das
giras difíceis de um terreiro. Após a "abertura" normal
da gira e com todos os fundamentos preparados para este trabalho puxa-se a falange
das crianças que, por acaso, não são malcriadas apesar
de serem alegres e brincalhonas. Muitos médiuns se aproveitam de tal
situação e fazem arruaça, achando que com isso tornam autentica
a sua incorporação.Os Erês ou Cosmes (homenagem a São Cosme, entidade
protetora das crianças segundo a Igreja Católica) podem brincar
sem desrespeitar os princípios espirituais. Essas entidades são
a sublimação das forças cósmicas e jamais devemos
desafiá-las pensando que por "serem crianças" não
tem muita força. A devoção a essa vibração
pode nos salvar de situações difíceis. Deve-se, sempre após uma gira de Ibeijada, chamar
outra entidade para encerrar os trabalhos, pois as "crianças"
limpam os consulentes e fazem os trabalhos, mas não descarregam a negatividade.
A gira de Obaluaiê deve ser isolada das demais,
através de preces específicas que devem ser rezadas antes e depois
desta gira. Nessas preces deve-se buscar o fortalecimento mental dos médiuns
da corrente e projetar energia equilibrando-os para conseguirem assimilar esta
vibração que, por ser uma energia de sublimação
(Nanã = reação, Omulú = ação) chega
na terra de forma triangular, ocupando um espaço maior que as demais
vibrações, portanto formando um campo magnético amplo em
que o médium pode não conseguir permanecer.
A gira do Oriente deve começar a ser preparada
uma semana antes do dia propriamente dito. Ela deve ser aberta pelo Zelador
com preces e, durante a semana, devem ser invocadas todas as entidades que irão
trabalhar, mantendo-se iluminados os respectivos pontos de firmeza. No dia da
gira só deverão participar os médiuns que se mantiveram
em harmonia com os fundamentos do terreiro naquela semana. Nestas giras geralmente
recebe-se espíritos de muita sabedoria que vem a terra para nos ensinar
ou passar mensagens importantes. Não devemos confundir esta gira com
a festa dos ciganos. A gira do Oriente trabalha com os espíritos mentores
de diversas crenças e culturas orientais.
Gira bloqueada
Assim chamamos a dificuldade que o médium de incorporação
parcial tem de penetrar na faixa vibratória de certos consulentes. Quando
isso ocorre o médium não está, necessariamente, falhando
ou sem a sua entidade.Os motivos podem ser:
a) Consulente carregado de energia negativa. O consulente
fica envolvido dentro de uma redoma.
b) Consulente que procura a tenda por simples curiosidade
ou para testar as entidades.
c) O consulente é médium ou mesmo Zelador.
Já tem sua "coroa" feita e sua próprias entidades fecham
a sua faixa vibratória para resguardá-lo.
Nos casos "a" e "b" o médium não
deve se deixar perturbar e também não deve tentar romper o bloqueio,
pois além de lhe causar grande perda de ectoplasma isso pode fazer com
que caia em descredito. O correto é recomendar ao consulente um limpeza
espiritual através de banhos de descarrego, imantações
e preces e pedir-lhe que retorne para nova consulta.
É importante salientar que as giras de passe não
são "consultório sentimental" ou lugar de "conversa
fiada, muito menos fábrica de milagres. As pessoas devem ser orientadas
para que não desgastem os médiuns contando toda a sua vida. A
entidade irá perguntar somente o necessário, não ficará
tentando fazer adivinhações. O Consulente deve ser instruído a manter-se concentrado
em seus objetivos para que toda a força do terreiro seja empenhada em
fazer a ciclagem espiritual do mesmo. É desta forma que se consegue o
que se procura e não com trabalhos direcionados a terceiros. Ninguém
tem o direito de interferir no caminho espiritual de outra pessoa a não
ser que esta peça. Não devemos esquecer do "livre arbítrio"
e principalmente de que "nos tornamos responsáveis por tudo que
cativamos"
No caso "c" deve-se somente saudar a "coroa"
do consulente e realizar o passe.
Procedimentos dentro da gira
Após o devido preparo espiritual com banhos e imantações
e depois de receber as orientações preliminares, o médium
deve seguir o seguinte esquema dentro das giras:
Reflexão - O médium ao adentrar a gira
deve refletir sobre sua vida nos dias que antecederam ao trabalho, procurando
observar seus pontos fracos, seus erros e acertos. Deverá agradecer a
Pai Oxalá a chance de estar novamente a seu serviço.
Concentração - Após a reflexão,
o médium deve se desligar de tudo que o cerca. Deve fixar seu pensamento
num ponto que lhe seja positivo, que lhe cause bem estar, a fim de que sua mente
fique livre para receber todas as vibrações e de que seu corpo
possa absorver completamente as imantações do ambiente. Desde a sua entrada no terreiro até o inicio da gira, o médium
deve manter-se em silencio absoluto, respirando pausadamente, aguardando a chegada
dos demais companheiros.
Quando o médium entra no terreiro ele pode tocar o
chão com a mão direita e em seguida benzer-se com o sinal da cruz,
saudando as entidades da casa. Não é obrigatório, se não
vier do coração. Após o início da gira chegará o momento
de "bater cabeça". O que isso significa? Como fazê-lo?
Cada médium poderá ter seu "pano-de-cabeça",
o qual deverá ser estendido no chão, diante do Pejí (altar), e,
ao som de cântico correspondente, deverá tocar o chão, sobre
o pano, com a testa (Salve meu Pai Oxalá). Depois deverá tocar
o chão com o lado direito da fronte saudando o Orixá masculino
do terreiro (quando já souber seu Pai de Cabeça, ele é quem
deverá ser saudado). A seguir deverá tocar o chão com o
lado esquerdo da fronte saudando o Orixá feminino do terreiro (quando já
souber sua Mãe de Cabeça deverá saudá-la). A seguir será feita a defumação do ambiente
quando, então, os médiuns que já usam as guias, deveram
colocá-las no pescoço após imantá-las com a defumação.
Defumação - A produção
de aroma se faz pela mistura e aquecimento de várias ervas e essências
e tem a finalidade de atrair vibrações e romper o campo magnético
do ambiente que será utilizado para os trabalhos. A cada material cabe atrair um tipo de vibração:
boa ou má. Por exemplo: as ervas favorecem as boas vibrações
e as espalham pelo ar, já o carvão atrai as más vibrações,
porém as retém. Esse carvão será deixado na tronqueira
até o final da gira e depois será jogado fora pois a negatividade
já terá sido absorvida pelos Exús.
Considerações Gerais
Começamos com o terreiro. Na frente, no portão
de entrada normalmente tem uma pequena casa. Nós a chamamos de Tronqueira.
Lá dentro tem uma imagem do Sr. Tranca-Ruas, o poderoso Exú protetor
do terreiro. É a nossa guarda.
O Terreiro é dividido em duas partes: a da assistência
e o terreiro onde se desenvolve a "gira". Em todo terreiro costuma-se haver um quadrado ou um centro
de vibração, onde está enterrada a segurança de
toda a casa. É um buraco que contém as armas do Orixá Chefe.
Dali, emanando todo o axé da casa. Cria-se, então, um campo vibratório
de muita força. Em alguns terreiros existe hierarquia. Além do dirigente,
existem as figuras da Mãe-Pequena e do Pai-Pequeno. Após os capitães
de terreiro e dos ogans (atabaqueiros). Todos os membros da corrente devem prestar-lhes
obediência e respeito e, ao entrar no terreiro, devem reverenciar-lhes, ritual rigorosamente
observado pela religião umbandista. Todos carregam guias diferenciadas
dos membros da corrente. O médium deve ter sempre a consciência de nunca
comer carne no dia em que irá trabalhar. Carne proveniente de animais
de sangue quente podem conter energias contrárias às necessidades
do trabalho que será desenvolvido. Além disso, o sangue contêm
muita energia que, se usada por espíritos de pouca ou nenhuma luz, pode
atrapalhar consideravelmente o bom andamento do trabalho. Considerando também que na evolução
do reino animal, usar-se-á para sua própria alimentação
animais que estejam distantes do grau evolutivo do ser humano, ou seja, recomenda-se
o uso de peixes para se alimentar evitando animais mais evoluídos afastando-se
das energias inerentes a animais sacrificados para nossa alimentação
e que nos sejam "próximos". Como o dia de trabalho é sagrado, deve-se evitar a
todo custo pensamentos pecaminosos, xingamentos, sentimentos de ódio
de maneira geral, sexo, frequentar lugares que sugiram alguma ligação
com energias que possam ser prejudiciais ao trabalho. Não lavar a cabeça mas sim o restante do corpo.
Não deve também cortar seu cabelo ou qualquer outra ação
que envolva a manipulação de seu chakra coronário. Tomar um banho de descarga com as ervas do seu Orixá.
Chegando no terreiro...
Saudar a(s) Tronqueira(s):
Saudar Seu Tranca Ruas.
Pedir proteção, pedir ajuda nos trabalhos.
Pedir para limpar seu corpo de larvas e miasmas astrais.
Pedir licença para entrar. Considere sempre
que o chão do terreiro é um solo sagrado e é onde serão
desenvolvidos todos os trabalhos. Portanto, faz-se necessário pedir licença
para pisá-lo. Para pedir licença para pisar no terreiro, deve-se
tocar o chão com o dedo médio, tocando-o 3 vezes, descrevendo
um triângulo, (que significa a tríade Crianças, Caboclos e Pretos-Velhos)
e em seguida tocar a fronte, o lóbulo parietal e lóbulo occipital
(tríade matéria, mente e espírito) solicitando-lhes que
nos ajude a manter o fortalecimento e a harmonia destes planos.
As Crianças
significam a infância, com sua pureza e inocência.
Os Caboclos significam
a mocidade com sua energia.
Os Pretos Velhos
significam a velhice com sua humildade e experiência.
Saudar Oxalá.
Saudar seu Orixá de cabeça. Se
não souber ainda qual é seu Orixá de cabeça, bastará
saudar Oxalá.
Em terreiros que tenham Ogan deve-se saudar o Ogan Chefe. O Ogan é o chefe
dos atabaques.
Em terreiro que mantém hierarquia com capitães, deve-se cumprimentar os Capitães do terreiro obedecendo
a hierarquia entre eles, ou seja, o 1º capitão a ser cumprimentado
deve ser sempre o capitão mais novo a ocupar esta posição,
em seguida cumprimentar o segundo e assim consecutivamente até o Capitão
mais antigo do terreiro. Em terreiros que tem pai-pequeno/mãe-pequena
deve-se cumprimentá-los. É importante observar que a Umbanda não tem
cargos hierárquicos. Muitas vezes esses cargos e definições dentro do
terreiro são características advindas do Candomblé.Cumprimentar o dirigente do terreiro.
Ao som do Hino da Umbanda, a corrente entra no terreiro,
cantando alegres, dispostos, de branco, com suas guias e banho de ervas previamente
tomado. Após, inicia-se a defumação em todos os presentes.
Vale aqui dizer que todo o ritual tem que, obrigatoriamente, ser feito com pontos
cantados. Após a defumação, vem o bate-cabeça, oportunidade
dos membros da corrente. Os que têm hierarquia já o fizeram no
início. Em seguida a saudação aos Anjos da Guarda. Louva-se
aos Orixás e aos espíritos que trabalham através de seus cavalos
(médiuns) no terreiro. Em seguida pede-se a proteção
do Sr. Ogum de Ronda. Saudação à Quimbanda e ao Sr. Tranca-Ruas não podem faltar. Feito este ritual é que começam
as incorporações.
Fundamentos do Ritual:
Hino de Umbanda
É um mantra de louvação à Umbanda. Os povos em suas liturgias religiosas, desde os tempos imemoriais,
invocam suas divindades, não só pelo vocábulo, como também,
pela palavra cantada, através de hinos, ladainhas, mantras, cânticos,
salmos e pontos cantados.
Defumação
A defumação harmoniza e aumenta o teor das
vibrações psíquicas, produzindo condições
de recepção e inspiração nos planos físico
e espiritual. Além de influenciar em nossas vibrações
psíquicas, as ervas utilizadas na defumação são
poderosos agentes de limpeza vibratória, que tornam o ambiente mais agradável
e leve. Ao queimarmos as ervas, liberamos em alguns minutos de defumação
todo o poder energético aglutinado em meses ou anos no solo da terra,
absorção de nutrientes dos raios de sol, da lua, do ar, além
dos próprios elementos constituitivos das ervas. Deste modo, projetam-se
forças capazes de desagregar miasmas astrais que dominam a maioria dos
ambientes humanos, produto de baixa qualidade de pensamentos e desejos, como
raiva, vingança, orgulho, mágoa ,etc.
O que fazer nesta hora? Pedindo pela purificação
do Terreiro dos médiuns e assistência fechando o nosso corpo e
mentalizar os guias, anjo da guarda, pedindo que essas energias nocivas se dissipem.
Bate Cabeça
Neste momento os filhos estão saudando seus Orixás
de cabeça e pedindo licença aos mentores espirituais da casa para
iniciar os trabalhos.
Anjo da Guarda
Neste momento de louvação ao nosso Anjo de
Guarda, devemos pedir sua proteção e harmonia.
Prece de Abertura
É o momento aonde elevamos os nossos pensamentos e
pedimos por nós, pelo bom andamento dos trabalhos espirituais, por parentes
e amigos encarnados ou desencarnados, deixando toda as mágoas e maus
pensamentos, tudo que é de ruim do lado de fora, para que possamos formar
uma corrente com bastante solidez que possa combater qualquer força contraria
sem romper um elo desta corrente.
Abertura de Gira
Neste momento o dirigente puxa o ponto de abertura de
gira, é um momento
de muita concentração, é quando ele recebe a permissão
dos guias espirituais para dar início aos trabalhos.