terça-feira, 30 de julho de 2013

As Crianças, os Caboclos e os Pretos-Velhos na Umbanda

Estas, são as entidades básicas da Umbanda. Nota-se facilmente a relação que existe com a experiência humana: criança, adulto e velho. As chamadas crianças representam a inocência e a pureza e o umbandista deve saber e ter sempre em mente, que tais entidades não são realmente crianças que morreram e vem ao nosso mundo brincar novamente. Na realidade, são magos de luz e grande poder, que devido ao seu grau de humildade se submetem a certos tratamentos e atitudes, que lhes são dispensados quando se manifestam nos terreiros.

AS CRIANÇAS 

 A linha das crianças, cujos membros baixam nos centros de Umbanda, é de todas a mais misteriosa. Esses espíritos infantis nos surpre­en­dem pela ternura, inocência, argúcia, carinho e amor que vibram quando baixam em seus médiuns.O arquétipo não foi fornecido pelo lado material da vida, pois uma criança com seus 7, 8 ou 9 anos de idade, por mais inteligente que seja, não está apta intelectualmente a orientar adultos ator­mentados por profundos desequi­líbrios no espírito ou na vida material. Quem forneceu o arquétipo foram os seres que de­nominamos “encanta­dos da natureza”.
Não foi baseado em espíritos de crian­ças que desencarnaram que essa linha foi fundamentada, e sim nas cri­an­­ças encan­tadas da natureza, que os aco­lhem em seus vastos reinos na na­tureza em seu lado espiritual e os am­param até que cresçam e alcancem um novo estágio evo­lu­tivo, já como espí­ri­tos naturais. Os espíritos que se manifestam na li­nha das crianças atendem pessoas e auxiliam-nas com seus passes, seus ben­zi­mentos e suas magias elementais, tudo isso feito com alegria e simpli­cidade enquanto brincam com seus carrinhos, apitos, bonecas e outros brin­­quedos bem caracterizadores do seu arqué­tipo.  Ele é tão forte que adul­tos encar­na­dos sisudos se transfiguram e se tornam irreconhecíveis quando incor­poram sua criança.
A presença desses espíritos infantis é tão marcante que mudam o ambiente em pouco tempo, descontraindo todos os que estiverem à volta deles.Todo arquétipo só é verdadeiro se for fundamentado em algo pré-exis­tente. O arquétipo “Caboclo”,  funda­men­­tou-se no índio brasileiro e no sertanejo mestiço. e o arquétipo “Preto-Velho” no negro já an­cião, rezador, mandingueiro e curador.
O arquétipo “Criança” fundamen­tou-se na inocência, na franqueza e na ingenuidade dos seres encantados ainda na primeira idade: a infantil. E, caso não saibam, há dimensões inteiras habitadas só por espíritos nesse estagio evolutivo conhecido, no lado ocul­to da vida, como “estágio encan­tado”. Nessas dimensões da vida há eles e suas mães encantadas, todas elas devotadas à educação moral, cons­ciencial e emocional, contendo seus excessos e direcionando-os à senda evolucionista natu­ral, pois eles não serão en­viados à dimensão hu­mana para encar­na­rem.
A elas compe­te suprí-los com o indis­pensável para que não entrem em de­pressão e caiam no autismo ou regres­são emocional, muito comum nessas dimensões. Nelas há reinos encantados muito mais belos do que os “contos de fadas” do imaginário popular foi capaz de des­crever ou criar. Cada reino tem uma senhora, uma mãe encantada a regê-lo. E há toda uma hierarquia a auxiliá-la na manu­tenção do equilíbrio para que os milha­res de espíritos infantis sob suas guar­das não regridam, e sim, amadureçam lentamente até que possam ser condu­zidos aos estágio evolutivo posterior.
O arquétipo é forte e poderoso porque por trás dele estão as mães Orixás, sustentando-o, e também es­tão os pais Orixás, guardando-o e ze­lan­do pela integridade desses espíritos infantis. Mas que ninguém duvide da exis­tên­cia dele porque ele realmente existe e não seriam “crianças” humanas recém-desencarnadas e que nada sabiam da magia que iriam realizar os prodígios que os “Erês” realizam em benefício dos freqüentadores das suas sessões de trabalhos ou com forças da natureza quando oferendados em jardins, à beira-mar, nas cachoeiras ou em bosques frutíferos. Há algo muito forte por trás do arquétipo e esse algo são os Orixás encantados, os regentes da evolução dos espíritos ainda na “primeira idade”


OS CABOCLOS
 

Caboclos são todos os espíritos de uma certa hierarquia que vibram na mesma energia da lei de Umbanda. Para ser caboclo não é necessário que o espírito já tenha sido em alguma reencarnação um índio, é necessário sim que ele se identifique com as leis de Umbanda, que são Caridade, Simplicidade ou Humildade, Senso de dever, Lealdade, e Honra. Conforme dito a cima, nem todos os caboclos vem de origem indígena mas muitos que ainda militam na ceara umbandista já foram índios e necessitam trabalhar pelo seu progresso e pelo progresso de seu próximo e infelizmente são tidos como atrasados em algumas religiões, e em outras não encontram campo de ação, pois os cultos já estão muito distorcidos da prática do bem. E assim sendo só encontram na sagrada Umbanda uma porta aberta ao trabalho dentro das normas do Mestre Jesus. A influência indígena na Umbanda é clara o que não impede que espíritos outros nela trabalhem, e é o que tem acontecido ultimamente, muitos espíritos que ocuparam lugar de destaque na sociedade terrena, hoje encontram-se como caboclos ou preto-velhos na humildade e na força que a Umbanda exige de seus integrantes. Observa-se também que caboclo é uma nomenclatura usada para se referir a ligação com a natureza que são as forças mantedoras da vida, Ex: Caboclo Beira-Mar, que traz como força maior as águas ou Caboclo sete pedreiras que traz como força o mineral e assim por diante nos vários nomes que identificam seu campo de ação. Como sabemos, a Umbanda é a única religião genuinamente brasileira iniciada pelo caboclo das Sete Encruzilhadas, que ficou se sabendo através de um médium Kardecista que o mesmo havia sido um padre Jesuíta em sua encarnação anterior, e ao ser inquerido deu o seu nome, que era Padre Gabriel Malagrida e seus feitos como servo de Deus. Muitos espíritos que trabalham ainda hoje na Umbanda já foram índios e se orgulham de o terem sido, pois o índio representa a natureza, o modo simples de viver, também representa a força e a astúcia . Engana-se quem vê nos índios seres atrasados, pois a alguns séculos atrás haviam índios de uma grande inteligência, tais como os Maias, Incas e Astecas que em nada lembravam a ignorância e sim a inteligência.

Atrasados foram os homens brancos (europeus) que os dizimaram com o pretexto de que eram selvagens e sem alma, de olho nas suas riquezas e terras. Se a alguns séculos atrás estes espíritos que participavam da família indígena já eram adiantados, o que se dirá hoje depois de muitas reencarnações e trabalho em prol da Umbanda. Portanto engana-se quem acha que a Umbanda é feita por espíritos atrasados. Nas falanges de Umbanda militam variados graus de espíritos como na sociedade terrena; Espíritos que já foram diplomados na terra e também espíritos simples, o importante na Umbanda não são os títulos que ajam adquirido nas faculdades terrenas já que no plano espiritual também há faculdades, o importante é que esses espíritos tenham amor no coração e acima de tudo fé em Deus, disciplina e honra também são essenciais para pertencer as falanges de Umbanda, e é através destes quesitos que se pode praticar a fraternidade aos irmãos necessitados. Como pode alguém chamar estes espíritos de atrasados, espíritos que se dedicam a proteger e amparar os irmãos da Terra que em sua grande maioria provocam os seus próprios padecimentos, estes sim é que são atrasados que não reconhecem o amor, fé, disciplina e honra. Os Caboclo são os nossos “pais”, guias espirituais os nossos anjos da guarda, que nos assistem nos dando conselhos, nos fluidificando e nos amparando para que o mal não nos prejudique a jornada de aprendizado na terra, São os nossos professores e mestres na escola do Mundo. Emfim, são as mãos de Deus que amparam os filhos retardatários na jornada evolutiva.


OS PRETOS-VELHOS 

Esses são os Pretos Velhos da Umbanda, que em suas giras nos terreiros representam a força, a resignação, a sabedoria, o amor e a caridade. São um ponto de referencia para aqueles que os procuram, curando, ensinando e educando, aos encarnados e desencarnados necessitados de luz e de um caminho a trilhar. Um Preto-Velho representa a humildade, jamais demonstrando qualquer tipo de sentimento de vingança contra as atrocidades e humilhações sofridas no passado. Pretos-Velhos ajudam a todos, independente de cor, sexo ou religião.
Em sua totalidade, não se pode afirmar que as entidades que se apresentam nas giras são os mesmos Pretos-Velhos escravos. Muitos passaram por ciclos reencarnatórios e podem ter sido em suas vidas anteriores médicos ou filósofos, ricos ou pobres, e, para cumprir sua missão espiritual e ajudar aos necessitados, escolheram incorporar a forma de    Pretos- Velhos. Outros, nem negros foram, mas também escolheram essa forma de apresentação. Muitos podem estar perguntando: “Mas então os Pretos Velhos não são Pretos Velhos?”. A explicação é simples: todo espírito que já alcançou determinado grau de evolução tem a capacidade de descer sob qualquer forma passada, pois é energia pura, a forma é apenas uma conseqüência da missão que vem cumprir na Terra. Podem também, em locais diferentes, se apresentarem como médicos, Caboclos ou até Exu, depende do trabalho a que vêm realizar. Em alguns casos, se tiverem autorização, eles mesmos nos dizem quem são.
  
A MENSAGEM DOS PRETOS-VELHOS
A principal característica de um Preto Velho é a de conselheiro; para alguns, são como psicólogos, amigos e confidentes, para outros, são os que lutam contra o mal com suas mirongas, banhos de ervas, pontos riscados, sempre protegidos pelos Exus de Lei. A figura de um Preto Velho representa a paciência e a calma que todos sempre devemos ter para evoluir espiritualmente, essa é a sua principal mensagem.
Certas pessoas costumam procurar um Preto Velho apenas para resolver problemas materiais, usando os trabalhos na Umbanda para beneficio próprio, esquecendo de ajudar ao próximo. Quanto a isso, esses maravilhosos Espíritos de Luz deixam sempre uma importante lição, a de que essas pessoas, preocupadas apenas consigo próprias, são escravas do próprio egoísmo, mas sempre procuram ajudá-las brincando de “pedir obrigações”. Mas em meio a essas pessoas, sempre haverá os que podem ser aproveitados, que em pouco tempo vestirão suas roupas brancas, descalçarão seus pés e farão parte dos trabalhos de caridade do terreiro. Essa é a sabedoria do Preto Velho, saber lapidar o que há de bom em cada um de nós.
Pretos Velhos levam a força de Zambi a todos que buscam aprender a encontrar sua fé, sem julgar ou colocar pecado em ninguém, mostrando que somente o amor a Deus, ao próximo e a si mesmo, poderá mudar sua vida e seu processo de ciclos reencarnatórios, aliviando os sofrimentos cármicos e elevando o espírito. Assim fortalecem a todos espiritualmente, aliviando o peso do fardo de cada um, e cada um pode fazer com que seu sofrimento diminua ou aumente, de acordo com a forma de encarar os acontecimentos de sua vida: “Cada um colhe o que plantou. Se plantares vento, colherás tempestade. Mas, se entender que lutando poderá transformar seu sofrimento em alegria, verá que deve tomar consciência de seu passado, aprendendo com os erros, galgando o crescimento e a felicidade futura. Nunca seja egoísta, sempre passe aos outros aquilo que aprende. Tudo que receber de graça, deverá dar também de graça. Só na fé, no amor e na caridade, poderá encontrar seu caminho interior, a luz e Deus” (Pai Cipriano)

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